sexta-feira, 17 de maio de 2013

SEMANA 3 – Há semanas assim…

Há pessoas que foram feitas para lidar com pressões. Algumas até dizem que só sob pressão fazem as coisas bem! Para quem me conhece sabe bem que eu não sou assim: sou extremamente organizada e gestora do meu tempo para que não tenha de fazer nada sob pressão. Para além disso, sempre que possível, tento antever o que pode correr mal e precaver-me com planos A’s e B’s e C’s. Mas há coisas que não dependem só de mim e a minha tese de doutoramento é uma dessas coisas. E nem precavendo-me com múltiplos planos alternativos consegui evitar dias atrás uns dos outros assim:
8h-8:15. Acordar
9h. Trabalhar
13h. Almoçar
13:30. Tese
14h. Trabalhar
18h. Tese (jantar)
23:30. Dormir
De referir que a parte “trabalhar” inclui além do trabalho atender telefonemas problemáticos relacionados com a tese e responder a mails igualmente problemáticos.
Felizmente que por aqui fazem-se coisas diferentes, dinâmicas e que nos valorizam. Uma das manhãs de trabalho foi passada a cortar peças de roupa desenhadas em lençois. Uma sala cheia de mulheres, umas no chão a desenhar calções, calças, camisolas, cuecas e cuecões, e outras a corta-las. E conversa e mais conversa J Tudo para um dia diferente (que no meu caso resultou numa hora de almoço diferente já que foi o turno que me calhou) em que tínhamos de convencer as pessoas que passavam no Jardim dos Patos a desenhar ou escrever algo sobre água e cidadania – os temas do Fórum Social que está a decorrer hoje e amanhã em Odemira - nas peças de roupa para depois estendermos num estendal gigante. E há coisas que realmente me “enchem cá dentro”: o sorriso dos meninos alemães que estavam cheios de vergonha de virem desenhar mas que consegui persuadir, o agradecimento sincero dos pais que se preocuparam em virem dizer-me adeus, o senhor que não queria desenhar e que apenas sabia escrever o nome e que eu consegui convencer a dizer-me o que queria dizer que eu escrevia e ele assinava… E outra tarde de trabalho foi numa oficina (no âmbito do tal fórum) em que aprendi imenso sobre moedas sociais. Aprendi que a moeda como a conhecemos é um incentivo ao endividamento, aprendi sobre o banco do tempo, aprendi sobre as moedas “livres”. Aprendi também um pouco sobre a Escola da Ponte, uma escola em que não há turmas, nem anos, nem salas, nem nada do sistema de ensino a que estamos habituados e em que os alunos têm um papel democrático importantíssimo. E não, não tem nada a ver com o que faço na TAIPA e sim, fui incentivada a ir assistir e aprender. Por estes lados valoriza-se muito o conhecimento, a cooperação, a cidadania… e faz-se todos os dias, sem se exigir nada em troca!
Há dias mais escuros e em que realmente a tristeza, revolta e cansaço parece apoderar-se de nós, e há dias em que simplesmente não há forças para pensar nas coisas boas, nas coisas que “enchem cá dentro”. Felizmente que esses dias acalmam e muito graças a quem gosta de nós. E eventualmente esses dias desaparecem J

A PROPÓSITO de Moedas Sociais
http://monedasocialpuma.wordpress.com/que-es/


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